terça-feira, 6 de setembro de 2011

      O MATUTO


Eu  já um cabra taludo
De barba e tudo mais
Frouxo que nem um fole
Tinha medo de muié
Que mais parecia um mané   
Num parece ser verdade
Mais já quase ficando careca
Nunca tinha usado cueca
Nem prumode ir pra cidade
Só adespois que comecei a namorar Benedita
Comprei uns quinze metros de chita
E mandei a véia Lora
Desmanchar tudim em cirolas
Não prumode arrancar tocos
É que o namorado
As vezes precisa andar armado
E a cueca esconde um pouco
Num Domingo demanhãzinha
Bem cedim
Fui à casa da namorada
Lá no meio do caminho
Tive então que  parar
Prumode passar um telegrama
Corri pra detrás de uma moita de rama
Lá perto do matagal
E pra cueca não se sujar
Tive então que pendurar
Numa gaia de pau
Adespois que terminei o serviço
Novamente me vesti
E por não ser acostumado
Da cueca me esqueci
Amontei no meu jegue apressado
E quando cheguei lá
Benedita e sua mãe Expedita
Me mandaram eu entrar
Aí eu entrei
E por desaforo
Me deram um tamborete de couro
Daqueles do assento de couro
Só que o danado tava furado
Homem que só deu tempo eu me sentar
Pros documentos descer
No buraco do danado
Tô eu lá sentado
Na maior tranqüilidade
Sem tá sabendo de nada
Daqui a pouco ouço a véia dizer
Valei meu são Gonçalo
Arrepare o papo do galo
Pendurado na cadeira
A véia chamou a fia e disse
Corre minha fia
Vai conversar com o rapaz
Que prumode ele se entreter
Que eu vou aqui por detrás
Ver o que posso fazer
Benedita veio
Com umas conversas bonitas
Umas prosas
Uns arrodeios
Patrão!
Fio nessa hora que senti um repuxão tão grande
Que fui na lua e vortei
Benedita me alisava
Me acariciava
E a véia puxava
Despois de muito xodó
Chamego e sofrimento
Eu ouço a véia dizer
Aqui no papo deste galo
Eu não tô vendo nadinha
A não ser dois ovinhos de rolinha
Galo comendo ovo não pode ser
Vou Ter que mostrar pro povo
A véia foi na cozinha
Passou a mão numa peixeira
Aí eu tive que dar um pinote
Pulei por cima dum pote
Saí numa carreira tão danada
Que não olhei nem pra trás
Desse dia pra cá
Nunca mais me esqueci
Do diabo da muié
E de uma coisa não esqueço jamais
Pra sentar numa cadeira
Mesmo as calças tando inteiras
Eu passo a mão atrás.
     
                

Um comentário: